Acompanhe a Rica Composição do Artesanato Brasileiro em um Mergulho nos Territórios Criativos

Esta série de postagens traz um conteúdo ríquissimo que faz parte da exposição Solo Criativo: uma homenagem aos artesãos do Brasil. Assim, você acompanha tudo o que acontece no CRAB mesmo distante. Esta é a última postagem então se você não leu os anteriores, volte lá para conhecer tudo dos territórios que já passaram por aqui.  

Estes textos compõem a primeira sala da exposição, que tem como objetivo apresentar um pouco de cada região do Brasil e mostrar como aquele território dá base para a produção artesanal local. Assim, conseguimos entender a diversidade do artesanato brasileiro sob o olhar da unicidade de cada lugar, com natureza, cultura e influências próprias.  

Aqui, apresentamos o Sudeste e o Sul, territórios com características singulares, que receberam distintas influências a partir de diferentes imigrações e biomas. No entanto, essas regiões também compartilham a capacidade criativa de reinventar o significado de elementos como madeiras caídas ou redes de pescas encontradas nas praias. 

No Sul se Cria Sustentabilidade e Conexão com o Ecossistema

O sul do Brasil destaca-se por sua paisagem diversificada, que integra os biomas da Mata Atlântica e dos Pampas. Essa ampla variedade de ecossistemas influencia diretamente as técnicas artesanais e as matérias-primas utilizadas pelos artesãos locais, resultando em uma produção multifacetada, que reflete a singularidade da região. 

A Região Sul é marcada pela miscigenação cultural, fruto da chegada de diversos grupos étnicos ao longo dos séculos, incluindo imigrantes europeus e indígenas. Há ainda, na região, influências de países vizinhos, como Argentina e Uruguai. Essa diversidade étnica contribui para uma fusão de tradições e técnicas artesanais, que caracterizam a produção local. 

Na produção artesanal sulista, diversas técnicas são empregadas na criação de peças únicas, como o entalhe em chifres e ossos, as peças confeccionadas em lã nas regiões mais frias, a produção de cestos e utensílios de palha utilizando matérias-primas naturais, como o butiá, a lã, a madeira e a cerâmica tradicional. Além disso, há um compromisso profundo com a sustentabilidade, transformando materiais provenientes de outros setores, como a indústria e a pesca, em peças artesanais e utilitárias, ressaltando a conexão entre o homem e seu ambiente natural.

Grupo Redeiras e suas produções– Rio Grande do Sul

 

Sudeste e sua Criatividade em Reinventar a Tradição Artesanal 

A Região Sudeste do Brasil é um verdadeiro mosaico de paisagens e biodiversidade. Por conta da presença da Mata Atlântica, imponente cadeia montanhosa, a região tem uma rica biodiversidade, com litoral, serras, parques e uma parte do bioma Cerrado. Essa diversidade proporciona abundante matéria-prima para o artesanato da região, desde fibras naturais, como a bananeira e o milho crioulo, até madeiras nobres das serras, como o jacarandá, o ipê e o cedro. Os materiais utilizados pelos artesãos locais refletem essa riqueza natural da região. 

Os povos da Região Sudeste – indígenas, quilombolas, imigrantes europeus e africanos  -influenciaram profundamente o artesanato local. As técnicas ancestrais são repassadas de geração em geração, criando uma tradição rica e diversificada. A cestaria indígena, as técnicas de cerâmica dos quilombos e as habilidades em bordado e tecelagem trazidas pelos imigrantes são apenas algumas das muitas influências culturais presentes no artesanato do Sudeste. 

A diversidade da região se reflete também nas técnicas de artesania empregadas, igualmente plurais, incluindo esculturas em madeira, entalhe, pintura, bordados, tecelagem, cerâmica, entre outras. Cada uma dessas técnicas reflete não apenas a criatividade dos artesãos, mas também sua conexão com a terra e a história de seus antepassados. Por isso, a região é marcada pela expressão criativa e pela valorização das tradições. O artesanato não é apenas uma forma de produção, mas uma manifestação cultural que preserva a identidade e os saberes ancestrais.

Bordadeiras do grupo Mulheres do Jequitinhonha (Foto: Instagram Mulheres do Jequitinhonha)

 

Texto por Laura Landau e Mayara Fonseca  

Fontes: 

https://redeiras.com.br/ 

https://www.nationalgeographicbrasil.com

https://www.instagram.com/mulheresdojequitinhonha/