O Carnaval, uma das festas mais emblemáticas do Brasil, está intrinsecamente ligado ao fazer artesanal em suas diversas manifestações. Desde os foliões que se transformam em artesãos improvisados na confecção de fantasias e adereços até os brincantes que expressam sua criatividade por meio de máscaras e acessórios únicos. O artesanato permeia todas as camadas dessa celebração. Além disso, as escolas de samba, protagonistas desse espetáculo cultural, utilizam o artesanato não apenas como recurso cenográfico, mas como parte essencial de suas narrativas, enriquecendo os enredos com elementos feitos à mão que carregam consigo a história e a identidade de cada comunidade. Nesse contexto, o carnaval se revela não apenas como uma festa de cores e ritmos, mas como um verdadeiro palco para a expressão artesanal e cultural do povo brasileiro.
Abaixo, acompanhe exemplos de como o ecossistema do artesanato foi abordado nos desfiles das escolas de samba do Rio e de São Paulo.
A busca de Mário de Andrade por um país que encantou o carnaval de São Paulo também foi fio condutor de exposição no CRAB
Com o enredo Brasiléia Desvairada: a busca de Mário de Andrade por um país, a Mocidade Alegre venceu Carnaval de São Paulo pelo segundo ano seguido. As viagens que o escritor fez pelo Brasil guiaram o enredo da escola, percorrendo o norte, o sudeste e o nordeste. Foi um encontro com o povo e a cultura popular do país.
Mário de Andrade, que além de ser um dos autores mais celebrados e pesquisados da Academia, foi um dos responsáveis pelo modernismo brasileiro e profundo curioso da cultura brasileira. A Semana de 1922 refletiu principalmente na arte e literatura o desejo de produção de algo tipicamente brasileiro com a nossa raiz identitária, inaugurando o ambicioso e necessário movimento modernista.
Em 2022, o CRAB revisitou o sonho da arte modernista brasileira pelo olhar plural do artesanato nas postagens sobre O encontro da arte e artesanato, a conexão de artes visuais e artesanato, artesãos e artistas sendo mestres do nosso imaginário, movimentos orgânicos que inspiram a criatividade escultural
Na exposição Que Mestre é Esse, que esteve em cartaz no CRAB no início de 2021, o visitante foi guiado por Gilberto Freyre e Mário de Andrade, mestres do pensamento que, há quase um século, reconheceram a arte popular como uma característica forte da cultura brasileira. Seus textos se misturaram a canções da Música Popular Brasileira, na voz de nossos maiores intérpretes. O CRAB acredita que a força do nosso artesanato é tão expressiva e atual quanto o vigor de nossa música popular; ambas nos mostram ao mundo.
Link da visita guiada
Artesanato alagoano teve destaque no enredo da Beija-Flor que homenageia Maceió e Rás Gonguila
A Beija-Flor de Nilópolis apresentou na Sapucaí o enredo “Um delírio de carnaval na Maceió de Rás Gonguila”, celebrando o encontro entre a realeza das Alagoas, da Etiópia e do carnaval.
No desfile, o artesanato da região foi homenageado pela bailarina Brunna Gonçalves, que desfilou como musa com sua fantasia de fuxicos a frente do carro destinado a esta manifestação popular. A alegoria foi toda pensada nos traços da cultura popular alagoana. “O carro é uma homenagem a Alagoas, tem várias referências, folguedos, reisado, rendeiras, filé. Tem todos os símbolos”, disse Rica de Marré, influencer alagoana que desfilou na Beija-Flor, para o G1.
Imagem: Lucas Landau/UOL…
Segundo a Prefeitura de Maceió, o grupo de artesãos da Federação das Organizações da Cultura Popular e do Artesanato Alagoano (Focuarte) trabalhou dia e noite na confecção da renda filé para compor as fantasias e os carros alegóricos com o enredo que simboliza a história de Rás Gonguila, um ícone que fez história com os blocos de carnaval no Alagoas. Reparem, na foto abaixo, a riqueza da fantasia da manga do componente em bordado filé.
(Foto: Itawi Albuquerque/Secom Maceió)
Alagoas abriga 11 dos cem vencedores do Prêmio Sebrae TOP100 de Artesanato, a mais importante iniciativa de identificação e premiação do segmento artesanal, cuja importância é reconhecida internacionalmente. Trinta jurados, de renomada experiência no segmento artesanal, analisaram em três etapas diferentes as unidades concorrentes, primeiro avaliando a qualidade estética, técnica, simbólica e criativa dos produtos, depois as práticas de gestão, os compromissos sociais, culturais e ambientais, e a experiência comercial e estratégias de adaptação às novas exigências do mercado. Dos 11 alagoanos, quatro são representantes do bordado filé.
Imagem: Divulgação CRAB Sebrae