Midiateca Indica – Março 2025

Em março, o Midiateca Indica celebra duas datas importantes: o Dia Internacional da Mulher (8 de março) e o Dia do Artesão (19 de março). Neste mês, destacamos livros que homenageiam a criatividade, a força e as contribuições culturais das mulheres e artesãs do Brasil.

“Noivas da seca: Cerâmica popular do Vale do Jequitinhonha” – Autora: Lalada Dalglish – Editora: UNESP.

Este livro investiga a cerâmica do Vale do Jequitinhonha, focando na produção artesanal de quatro comunidades rurais e no papel fundamental das mulheres ceramistas na preservação e evolução dessa tradição. A pesquisa documenta técnicas de modelagem e queima, além de analisar a influência do mercado na estética das obras.

A autora destaca a importância de quatro artesãs: Izabel Mendes da Cunha, de Santana do Araçuaí, conhecida por sua influência na cerâmica do Vale e pela qualidade artística de suas peças; Maria José Gomes da Silva (Zezinha), de Coqueiro Campo; Maria Aparecida Gomes Xavier (Aparecida), de Campo Alegre, que adaptaram suas produções às exigências do mercado sem perder a identidade artística; e Noemisa Batista dos Santos, de Ribeirão do Capivara, que preserva as técnicas tradicionais transmitidas por sua mãe. Além dessas artistas, a autora menciona diversas outras ceramistas que contribuíram para a pesquisa, reforçando o caráter coletivo do ofício.

“Moda e história: As indumentárias das Mulheres de Fé” – Autor: Raul Lody – Editora: SENAC.

O livro Moda e História: As Indumentárias das Mulheres de Fé, de Raul Lody, explora a importância das vestimentas no contexto das tradições afro-brasileiras, especialmente entre as mulheres que preservam e transmitem esses costumes. Através das roupas e adornos, como panos da costa, miçangas e contas de louça, a indumentária se torna uma expressão de religiosidade e identidade, carregando significados profundos que conectam Brasil e África. O autor destaca a relação entre moda e patrimônio cultural, mostrando como essas vestimentas são parte essencial dos rituais, festas e do cotidiano das mulheres de fé.

As fotografias de Pierre Verger enriquecem a obra ao documentar visualmente essa tradição, revelando a beleza e a ancestralidade presentes nos terreiros e celebrações. O livro também aborda a influência das grandes lideranças femininas na preservação dessas práticas, como Mãe Menininha do Gantois, e reforça o papel das mulheres na construção e continuidade dessas expressões culturais.

“Em nome do autor: Artistas artesãos do Brasil” – Autores: Beth Lima e Valfrido Lima – Editora: Proposta Editorial.

O livro apresenta o trabalho de 320 artistas artesãos de diferentes regiões do Brasil, muitos dos quais são mulheres que se destacam pela dedicação e talento. Os autores, Beth Lima e Valfrido Lima, percorrem o país em busca dessas histórias e produções, que, apesar de muitas vezes não estarem presentes nas grandes galerias de arte, revelam a riqueza cultural do Brasil. A obra aborda o trabalho de artesãos que, em sua maioria, vivem em condições simples, mas demonstram grande coragem e força ao criar peças de imensa beleza, utilizando materiais como barro, madeira, metal e fibras. O livro, além de documentar essa arte, também compartilha a importância social e cultural desses artistas e suas comunidades.

Dentro desse vasto panorama, as histórias das mulheres artesãs se destacam, mostrando sua capacidade de transformar dificuldades em beleza e tradição. Elas não são apenas criadoras, mas também mantenedoras de saberes ancestrais e símbolos de resistência cultural. Muitas dessas mulheres, apesar das dificuldades da vida cotidiana, continuam a produzir peças que contam histórias de seus povos e perpetuam suas tradições. Através delas, o livro destaca como a arte popular brasileira, representada em sua maioria por elas, transcende barreiras sociais e geográficas, tornando-se um patrimônio vivo que merece ser valorizado e preservado.

Você pode consultar essas e outras obras na Midiateca do CRAB, a biblioteca especializada em artesanato brasileiro, que funciona de terça à sábado. 10h às 17h, no CRAB, situado na Praça Tiradentes, nº 69, Centro – Rio de Janeiro/RJ.

 

Texto: Thuanny Dourado

Supervisão: Mayara Fonseca

Revisão: Graciela Urquiza Mendes