
Trançado do tucumã fortalece cooperativismo no oeste do Pará
Comunidades ribeirinhas da Reserva Tapajós-Arapiuns unem saberes tradicionais e economia sustentável
O artesanato vem se consolidando como alternativa de renda sustentável em comunidades ribeirinhas do oeste do Pará. Na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, o saber tradicional transmitido de geração em geração sustenta famílias e fortalece o cooperativismo. A artesã Ivaneide de Oliveira, 47 anos, criou sozinha as três filhas a partir do trançado das palhas do tucumã, palmeira nativa da Amazônia. O conhecimento foi ensinado por sua mãe e avó, já foi repassado às filhas.
Ivaneide integra a Turiarte, cooperativa que reúne 114 artesãos especializados no trabalho com o tucumã. Ao todo, o grupo conta com 180 cooperados, distribuídos em mais de 12 comunidades ribeirinhas, que conciliam os saberes tradicionais com práticas de economia sustentável. Além do
artesanato, que é a principal fonte de renda, a cooperativa desenvolve outras atividades produtivas que fortalecem a autonomia comunitária e contribuem para a preservação da floresta.
A Turiarte foi fundada em 2009 e hoje é presidida por Natália Dias Viana, 24 anos. A cooperativa nasceu da união de mulheres que encontraram no trabalho coletivo uma forma de garantir renda, autonomia e reconhecimento pelo artesanato. Atualmente, 80% das vendas são destinadas a lojistas da região, e as comunidades têm capacidade de produzir cerca de mil peças por mês — volume que ainda limita a participação em grandes editais e pedidos maiores.
O modelo de cooperativismo também impulsionou práticas mais sustentáveis. Antes, corantes artificiais eram usados na produção, mas hoje todos os pigmentos vêm da floresta, reforçando a identidade amazônica. O urucum garante tons alaranjados, o açafrão produz o amarelo, o crajiru dá origem ao vermelho e o jenipapo colore em azul; da mistura entre eles surgem novas tonalidades, como o verde. Além do artesanato, outras iniciativas integram a vida comunitária, como a meliponicultura desenvolvida em Anã, a cerca de três horas de barco de Alter do Chão. Ali, o projeto Polinizando Sonhos Iramaña envolve 22 famílias na produção de mel de abelha sem ferrão.
Referência: https://noticias.r7.com/brasilia/mel-citrico-turismo-ecologico-e-artesanato-conheca-iniciativas-do-cooperativismo-no-para-28082025/