II Segundo Seminário Mãos que promovem o Brasil (Foto: CRAB, 2025)
O II Seminário CRAB Sebrae trouxe o debate do comercio justo e inovador para a valorização do artesanato brasileiro.
Valorizar o artesanato como obra de arte, melhorar logística construir uma marca digital, precificação adequada e outras questões foram trazidas para a pauta em dois dias de trocas.
O Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB) realizou nos dias 26 e 27 de março o II Seminário – Mãos que Promovem o Brasil, na sede da instituição, no Centro do Rio de Janeiro. Os seminários do CRAB fazem parte de um projeto iniciado dezembro de 2024, em que se realizou o I Seminário com foco em desenvolvimento territorial, a previsão é que aconteça um terceiro ainda este ano com tema de sustentabilidade.
O evento de março foi transmitido ao vivo pelo canal do CRAB no YouTube. O seminário, que teve como objetivo debater sobre temas essenciais como inovação sustentável, comercialização justa e os desafios do mercado digital, contou com a participação de especialistas, empreendedores, artesãos e mestres.
Para assistir ao primeiro dia acesse o link:
https://www.youtube.com/watch?v=xccbGjbk8rQ
Para assistir ao segundo dia acesse o link:
https://www.youtube.com/watch?v=_Mkn3c1_pUs
A programação, com curadoria realizada por Laura Landau e Natalia Lorenzetti, incluiu palestras do designer Leonardo Bueno e do arquiteto Maurício Arruda, quatro painéis, lançamento do Mosaico Amazonas e um workshop. Participaram das rodadas de debates: o fundador da Marco 500, Marco Aurelio Pulcherio; a diretora executiva da Artesol, Josiane Masson; os mestres artesãos Sil da Capela e João das Alagoas; o gerente de Programas e Projetos de Economia Criativa na ADEPE, André Lira; o representante da Federação das Associações Cooperativas Núcleos de Artesãos do Estado de Mato Grosso do Sul, Beatriz Soares; a fundadora da loja Bem Brasil Regional, Marcia Lopes; o fundador da Jargo – Pesquisas e Estratégias de Desenvolvimento Socioeconômico e Cultural, Jarbas Gomes; o fundador da loja MUMA, Matheus Ximenes; o artista plástico especializado em entalhes artísticos em madeira, Evandro Pires; o especialista em Marketing Digital para artesanato, Willander de Almeida; o coordenador de Mercado do Sebrae Rio, Glauco Nunes; a analista do Programa de Multiplicadores B do Sistema B, Priscila Konce; a gerente de Inovação Social na Yunus Negócios Sociais Brasil, Barbara Ladeia; a fundadora da loja Tucum, Amanda Santana; a professora doutora de Designer Têxtil pela ESPM, Lilyan Berlim, e o especialista em Negócios de Impacto e Desenvolvimento Territorial, Julio Ledo.
Lideranças do Sebrae prestigiam Seminário (Foto: CRAB, 2025)
Na abertura do encontro, organizado em comemoração do Dia do Artesão, celebrado em 19 de março, foi transmitido um vídeo do presidente do Sebrae, Décio Lima. Na mensagem, ele parabenizou a organização do Seminário, o conselho deliberativo do Sebrae, bem como a diretoria do Sebrae Rio e os gestores do CRAB. Décio Lima destacou a importância do Centro de Referência como polo de expressão da arte dos artesãos, ressaltando que o artesanato é um importante bem econômico e cultural do Brasil.
Em seguida, o diretor de Desenvolvimento do Sebrae Rio, Sergio Malta, agradeceu a participação de todos e ressaltou a importância do Seminário que reuniu, nessa segunda edição, técnicos, acadêmicos, dirigentes de federações, artesãos e mestres. Sergio Malta afirmou que haverá outros encontros, para difundir novos conhecimentos, vivências e as melhores práticas para o desenvolvimento dessa atividade econômica. “Esses encontros resultarão em análises que ajudarão as principais lideranças a direcionarem esforços para o desenvolvimento dos artesãos brasileiros”.
O diretor técnico do Sebrae Nacional, Bruno Quick, elogiou o seminário: “Ele demonstra que toda a transformação na sociedade se dá por conexão de pessoas”. Quick aproveitou para parabenizar o trabalho realizado pelas confederações, o acerto em unificar as atividades e a importância de ter um diálogo organizado e estruturado, e agradeceu ao MEMP, à equipe Sebrae e aos dirigentes.
O encontro contou ainda com a participação de gestores de unidades do Sebrae de várias regiões do Brasil, representantes de federações e associações nacionais, governo federal, executivos da iniciativa privada, entidades de fomento, mestres e artesãos, entre outros profissionais. Foram dois dias que debateram no CRAB sobre os desafios do setor de artesanato no país, questões sobre regulamentação, boas práticas em gestão e valorização do processo criativo das produções artesanais, sustentabilidade e reflexões sobre grandes oportunidades para o artesanato.
Dirigentes de confederações compartilham visões para consolidar o real valor que o artesão brasileiro merece ter.
A presidente da Confederação Nacional de Artesanato (Conarte), Maria da Graça Reis Costa, lembrou que “faz 10 anos que a Lei 1.3280 está parada por falta de apoio”. “E está desse jeito porque não estávamos lutando pela lei. Nas próximas semanas, estaremos reunidos com o governo do Estado do Rio de Janeiro e, no mês de maio, vamos a Brasília tratar de assuntos relacionados à lei. É preciso olhar para os artesãos de uma outra forma. É preciso vê-los como geradores de renda, de família, de luta e guardião da cultura e da arte”, afirmou Maria da Graça.
Reforçando as palavras da presidente da Conarte, a presidente da Confederação Nacional dos Artesãos do Brasil (Senarte), Márcia Oliveira, ressaltou: “Manifesto aqui minha disposição e da confederação para trabalharmos juntos pela unificação das entidades representativas da categoria, acreditamos que fortalecer a nossa discussão amplia a nossa conquista. Uma conquista que estamos há anos precisando.”
A diretora da Secretaria Nacional do Artesanato e do Microempreendedor Individual do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Elisabete Bacelar, reforçou a importância de as confederações unificarem suas atividades, conquistando, dessa forma, mais força em prol dos artesãos.
Palestras e painéis trazem inspiração e reflexão sobre o potencial de negócios do artesanato
Iniciando os debates do evento, o designer Leonardo Bueno palestrou sobre como se posicionar no mercado a partir da sua produção autoral. O artista ressalta sua alegria em participar e contou que ele próprio passou pelos programas do Sebrae. Leonardo destaca que atravessou crises muito grandes e que começou no artesanato produzindo peças em madeira. “Participava de todas as palestras do Sebrae e cursos que aparecessem”, disse.
Seguindo a programação aconteceu o painel ‘Arte dos Mestres’, em que a diretora executiva da Artesol, Josiane Masson, Marco Pulchério, Fundador da Marco 500 e os mestres da cerâmica Sil da Capela e João das Alagoas debateram sobre a importância de adicionar a percepção de valor em peças autorais de grande qualidade.
Jô Masson e Marco apresentaram o projeto Arte dos Mestres, realizado por ambos pela Artesol. A gestora ressalta que a Artesol está há anos batalhando para colocar no mundo, ações de fortalecimento e valorização do artesanato como uma potência econômica e também como salvaguarda dos conhecimentos.
O projeto Arte dos Mestres é uma feira/exposição que apresenta a arte de diversos mestres artesãos de todo Brasil. Sua duração é de 12 dias e possui estrutura de mostras internacionais visando transforma a visão do público sobre a produção de artesão e mestre, acontecendo em galpão ao lado do SP-Artes, um dos maiores eventos sobre arte contemporânea no País. “O importante é fazer com que mais pessoas conheçam, apreendam e sintam o Brasil em suas diversas camadas”, explica Masson. Na feira, a precificação de cada peça leva em conta tudo o que compõe aquele processo criativo, empoderando artesãos e mestres que, durante a feira, vendem peças com valor pratica no mercado das artes e todo dinheiro é arrecadado é direcionado aos mestres.
Sil da Capela, participou da primeira edição da Arte dos Mestres e contou sua experiência com o projeto, um dos pontos mais importantes para ela, que além de ter vendido todas as suas peças, foi o cuidado que a produção teve “são pessoas cuidando de pessoas, cuidam muito bem dos artistas, das obras, é o maior cuidado possível!”
Sil da Capela fala ao lado de João das Alagoas no painel Arte dos Mestres (Fonte: CRAB,2025)
Empreendedores compartilham vivência prática sobre comercialização de peças artesanais, gestão de negócios e precificação
O painel ‘Experiência de Mercado – Lojas que valorizam o artesão e o produtor local focado no fair trade’, mediado pelo fundador da Jargo Pesquisas e Estratégias de Desenvolvimento Socioeconômico e Cultura, Jarbas Gomes, trouxe práticas de mercado, visão da política pública, visão do coletivo, gestão de negócios, comercialização, logística, percepção de valor e posicionamento.
Presentes ao debate estavam, representando o governo de Pernambuco, o gerente de Programas e Projetos de Economia Criativa na ADEPE, André Lira; o representante da Federação das Associações Cooperativas Núcleos de Artesãos do Estado de Mato Grosso do Sul, Beatriz Soares, e a fundadora da loja Bem Brasil Regional, do Rio de Janeiro, Márcia Lopes.
Durante o debate, Márcia Lopes e Beatriz Soares falaram sobre composição de preço, curadoria das peças e a importância do artesão de reconhecer o próprio valor. Ao falar sobre precificação, Beatriz lembrou da necessidade de o artesão realizar uma pesquisa de mercado para identificar qual valor é o mais adequado para sua peça, de acordo com suas nuances e especificidades.
Os gestores, em sua maioria, destacaram a importância de ainda ter o contato direto com o cliente, falar sobre a história daquela peça e o impacto visual que a ela gera. Mas reforçam a necessidade em realizar vendas no universo digital com lojas virtuais e por intermédio de redes sociais, como o Instagram, aumentando, dessa forma, o volume de vendas e conquistando novos mercados.
O moderador Jarbas Gomes aponta que “O que vai fazer subir o PIB é o reconhecimento, o entendimento do valor justo, o entendimento de todo o caminho e toda a cadeia que o artesanato faz até chegar à mão do consumidor, e esse consumidor reconhecer como um elemento que faz parte da vida dele”.
Márcia Lopes lembrou sobre o desafio da comercialização de peças artesanais, principalmente pela logística necessária para fazer chegar o produto ao cliente; “São necessárias embalagens específicas, com proporções diversificadas que condicionem o produto e o protejam de fato”. Já André Lira ressaltou que toda ação que junta pessoas, num ecossistema, acaba levando a um pensamento coletivo e sistêmico. “As trocas inspiram as pessoas a pensar em estratégias inovadoras e potencializar esse produto genuinamente brasileiro, que é o artesanato, e de um valor inestimável para o mundo, com um potencial econômico incrível.”, disse.

Olhar digital de empreendedores transforma a forma de comercializar artesanato e gera novas oportunidades de negócios
O coordenador de Mercado do Sebrae Rio, Glauco Nunes, deu início aos debates do painel ‘Como Enfrentar os Desafios da Venda Online para Artesanato’, que contou com a presença do fundador da Loja Muma, Matheus Ximenes; do artista plástico especializado em entalhes artísticos em madeiras Evandro Pires; e de seu filho, o especialista em Marketing Digital para o artesanato, Willander de Almeida.
Glauco Nunes apontou que dentre os setores que mais crescem no digital, segundo estudos sobre e-commerce, estão peças para decoração. Somou-se a fala o arquiteto Matheus Ximenes que contou sobre o cenário de vendas online, destacando sua vivência no mercado de casa e decoração, o que contribuiu para fundar a Muma. Ele destacou no debate os desafios em conseguir transportar peças com segurança e custo reduzido, a necessidade de haver uma precificação de valores assertiva e como construir uma marca forte no digital.
Para trilhar essa caminhada no digital, Matheus indica algumas estratégias para superar os desafios de usar plataformas de marketplace com estrutura de vendas pronta e já com audiência elevada, pois esse formato ajuda a vender as peças mais rápido, bem como investir em imagem e conteúdo, produzir fotos com qualidade, detalhar informações sobre as peças, estar presente nas redes sociais, investir em técnicas de SEO – Search Engine Optmization (para ajudar a rankear sites, nos primeiros resultados de busca do Google).
Na sequência do debate, Evandro Pires e Willander Almeida trouxeram insights de como as redes sociais podem gerar novas oportunidades de negócio, inclusive internacionais. Acostumado a comercializar suas peças em feiras, entre outros eventos presenciais, Evandro Pires percebeu que as vendas de suas peças ainda não tinham uma saída tão grande quanto gostaria. A necessidade de aumentar sua receita mensal o fez pensar em usar as redes sociais, em especial o Instagram. Contudo suas peças eram muito pesadas para serem enviadas pelo Correio. Evandro, então, ao longo de um ano, testou novos formatos para suas peças, até chegar em um formato final que deixou suas peças mais leves, facilitando o processo logístico. Com a ajuda do filho Willander e uma estratégia de marketing digital focada em atrair o público certo e mantê-los engajados, as vendas do artesão aumentaram significativamente. Após inúmeras pesquisas, Willander desenvolveu um curso online para seu pai oferecer. E foi dessa forma que juntos produziram mais de 80 vídeos de aulas, gerando aumento de faturamento, que antes vinha basicamente da venda das peças produzidas, passaram a gerar receita também com a venda de cursos.
Mestre Evandro Pires conta como inovou na sua produção e seu repasse de conhecimento. (Foto: CRAB, 2025).
No segundo dia de seminário, CRAB reafirma seu posicionamento como Polo de Conhecimento e lança o projeto Mosaico Amazonas
Marc Diaz, gerente do CRAB, abre segundo dia de Seminário (Foto: CRAB, 2025)
No segundo dia do Seminário, O gerente do CRAB, Marc Diaz, abriu o seminário pontuando que em uma nova estratégia, o CRAB começa a se posicionar como polo de conhecimento e referência sobre o artesanato brasileiro. E que os seminários e suas discussões são importantes espaços para ouvir diversos atores, aproximando agentes de mudança do setor. A coordenadora do Polo de Conhecimento CRAB Sebrae, Natalia Lorenzetti, ponderou que o Brasil é muito diverso e há realidades muito distintas, tais como a cultural, demográfica e ambiental. “Tudo isso interfere na atuação de cada artesão ou mestre de nosso país”, disse a gestora do CRAB. Ela também explicou o novo processo de reestruturação do CRAB, no qual a instituição busca se posicionar como polo de conhecimento, com informações sistematizadas, desenvolvendo conteúdo qualificado e estabelecendo um elo entre os diversos agentes do ecossistema do artesanato.
Natalia Lorenzetti, coordenadora do Polo de Conhecimento reforça compromisso com inteligência setorial (Foto: CRAB, 2025)
Como passo importante desse novo posicionamento, Lorenzetti anunciou o lançamento do ‘Mosaico Amazonas – Mapeamento Cultural do Artesanato Brasileiro’. A analista CRAB Sebrae Laura Landau, gestora deste projeto, apresentou ao público e explicou que ele tem como objetivo ressaltar a diversidade do artesanato amazonense, reforçando sua importância no cenário nacional.
A metodologia empregada para o projeto, segundo Laura Landau permitiu fazer um retrato do que está sendo feito no Brasil em relação ao artesanato. Foram cerca de seis meses de trabalho para coletar e tratar informações em onze municípios do Estado do Amazonas, onde foram identificadas as principais associações produtoras de artesanato, com um processo produtivo contínuo.
O processo de mapeamento contou também com pesquisa quantitativa e qualitativa nas associações, para desvendar como o processo das produções artesanais e a comercialização das obas, e, assim, obter um retrato fiel das instituições e seu funcionamento. O mapeamento resultou em um e-book contendo as principais obras de artesanato produzidas pelas associações, destaque para as regiões, falas e insights dos artesãos mapeados, fotografias, série audiovisual documental sobre a produção artesanal e metodologia a ser replicada no restante do Brasil. Esse trabalho visa uma aproximação do leitor com quem produz o artesanato, a partir da definição de um território para aprofundamento de conteúdo. “Para esse lançamento tivemos como base o município de São Gabriel da Cachoeira, um território com a maior concentração de comunidades indígenas, com uma produção artesanal rica e que retrata a produção do estado do Amazonas”, contou Laura.
A metodologia do mapeamento foi aprovada pela Escola de Negócios do Sebrae e será replicada para outros estados. Laura convidou gestores do Sebrae dos estados a procurar o CRAB para dar continuidade a esse trabalho em todo o país.
Laura Landau apresenta projeto Mosaico Brasil: Mapeamento cultural do artesanato brasileiro (Foto: CRAB, 2025)
Em talk, Maurício Arruda apresenta sua visão sobre comercialização de artesanato com foco na arquitetura.
Em um formato de talk Laura Laudau convidou o arquiteto e apresentador do programa Decora da GNT (atração que foi ao ar até 2020), Maurício Arruda, para falar sobre o tema ‘Artesanato e Arte Brasileira na Arquitetura’.
Para o arquiteto, o CRAB de fato é um centro de referência, onde ele aprendeu muito e viu as exposições mais lindas do artesanato brasileiro. Ele destacou três pontos importantes que o ajudaram na sua trajetória profissional: o mestrado, a experiência como professor de design de interiores e, depois, a passagem na televisão como apresentador do Decora da GNT. Durante o programa de TV,
Para Maurício, ter uma visão de sustentabilidade cultural o aproximou do Brasil de verdade, e, na sequência, do artesanato, surgindo então o interesse pelas pessoas, pela cultura, pelo local e pelos povos da floresta. “Os artesãos precisam estar em ambientes que os ajudem a manter a originalidade”, disse.
O arquiteto Maurício Arruda é fundador da loja MAU de objetos de decoração. Ele atua com três linhas principais: o garimpo, o design contemporâneo e o artesanato brasileiro. Em seu processo de curadoria, ele vai até o artesão para conhecer o processo produtivo, a história daquele artista e as particularidades da produção.
“O artesão, antes de vender suas peças, precisa contar o processo produtivo, as horas dedicadas para extrair, selecionar e efetivamente produzir. É importante educar as pessoas sobre a riqueza que existe por trás das produções artesanais”, afirma. Para Maurício, o artesanato só consegue ter uma visão global quando o artesão mantém as características e a cultura local. “O arquiteto que fala que é difícil trabalhar com o artesanato provavelmente sabe pouco sobre artesanato”, garante Maurício.
Maurício Arruda fala em talk sobre o artesanato e arquitetura (Foto: CRAB, 2025)
Ancestralidade e ressignificar saberes despertam reflexões durante painel
O especialista em Negócios de Impacto e Desenvolvimento Territorial Julio Ledo abriu o painel ‘Inovação Sustentável no Mercado’ ressaltando a necessidade de associar a acessibilidade à inovação.
Amanda Santana, fundadora da Loja Tucum Brasil, plataforma de comercialização e valorização da arte indígena, destaca que a arte indígena tem um valor imaterial: “É muito importante que a gente amplifique as vozes de nossos artesãos e nossos artistas quanto à ancestralidade. Precisamos retomar o olhar para a ancestralidade, pois é ela que mantém tudo que a gente tem vivo de pé. Ela vem de um movimento que não é estático. É um resgate olhando para frente. A inovação parte desse lugar, de olhar de onde a gente veio e ver para onde a gente quer chegar”.
Para a analista do Programa de Multiplicadores B do Sistema B Brasil Priscila Konce, quando se fala em sustentabilidade e negócios do Sistema B Brasil se propõe fazer com que os negócios sejam uma força para o bem, assim como faz com que as organizações compreendam o papel delas na sociedade. Isso, segundo ela, é feito a partir de uma ferramenta de avaliação de impacto chamada BIA.
A gerente de Inovação Social da Yunus Negócios Sociais Brasil, Barbara Ladeira, apresentou a experiência de sua empresa em criar mecanismos e caminhos para desenvolver ecossistemas de impacto, de negócios e inovação social no Brasil como um todo, trabalhando com diversas frentes. “Quando a gente olha para inovação, muitas vezes a gente está associando a tecnologia. Na realidade, ser inovador é você olhar para as necessidades das pessoas. É ser capaz de resolver problemas de formas diferentes, seja ela de uma forma completamente disruptiva, pois é isso que é o coração da inovação social em si”, completa Barbara.
Amanda Santana fala da importância da ancestralidade na valorização do artesanato (Foto: CRAB, 2025).
Workshop para repensar as estratégias de comercialização justa.
Ao final do seminário, a designer de experiências Verônica Marques promoveu dinâmica com todos os participantes, elencando pontos de reflexão para despertar o entendimento sobre como transformar a realidade do artesão brasileiro e colocar o setor em seu lugar de direito, consolidando sua importância socioeconômica.
Ao final da troca de visões, todos os participantes falaram sobre os desafios e soluções para cada um dos problemas apontados na dinâmica. Um pronto extremamente importante foi destacado no encerramento da atividade: a necessidade de o artesão contar a história de todo o seu processo produtivo, construída a partir da experiência pessoal do próprio artesão, trazendo assim um diferencial único para cada peça produzida e ajudando na valorização do artesão e do artesanato.
Ao promover debates, workshops, seminários, oficinas, o CRAB vem consolidando a sua importância em apontar caminhos para o setor e para que os artesãos possam ser protagonistas dessa arte popular. Outro ponto alto do Seminário foi o de reunir importantes lideranças do setor em prol da criação de debate que pode direcionar políticas públicas que viabilizem o desenvolvimento sustentável do artesanato.
Cabe destacar que iniciativa privada e organizações de fomento, juntas, podem transformar a realidade dos artesãos brasileiros, que ainda sentem dificuldade em empreender e necessitam de apoio empresarial para adquirir visão de negócio e dar passos maiores, rumo a construção de um negócio sustentável, lucrativo e replicável em várias regiões do país.
Workshop sobre os gargalos e potencias na comercialização do artesanato (Foto: CRAB, 2025)