Midiateca do CRAB – CRAB Sebrae – Centro de Referência do Artesanato Brasileiro recebeu o evento Papo CRAB no dia 26 de setembro. O evento busca aproximar o público dos convidados e promover uma conexão mais estreita com o artesanato e a arte popular.
A analista Laura Landau, da equipe de Pesquisa e Conhecimento do CRAB, mediou a conversa, cujo tema foi “Incluir e Pertencer – Projeto Bonequeiras do Amanhã”. Essa é uma iniciativa da Associação Brasileira dos Profissionais de Moda (ABP Moda) que foca na moda circular, no trabalho colaborativo e na capacitação de mulheres cis e trans em situação de vulnerabilidade. Entre os convidados estavam Roberto Meireles, fundador e diretor do Instituto Rio Moda e da ABP Moda; Danieli Paiva, design de moda e monitora do projeto Bonequeiras do Amanhã; e Havanna Unana, CEO e fundadora da escola de modelos Vanna for Artis e da agência V for Models.
Roberto iniciou o Papo CRAB contando um pouco sobre a abertura do projeto e sua principal causa: a redução do resíduo têxtil gerado pela indústria da moda. A iniciativa, que se baseia principalmente em dobraduras e amarrações de tecidos, resulta na produção das bonecas de pano. Embora o objetivo principal seja gerar renda para pessoas em situação de vulnerabilidade social, ao longo do projeto ficou claro que,
além de uma fonte de renda, os participantes exploram outros aspectos como criatividade, conexão com a criança interior e a importância do brincar na vida adulta, entre outras reflexões.
Havanna compartilhou sua experiência no Projeto durante a Rio Innovation Week, destacando a importância da diversidade e inclusão. Mencionou o convite que recebeu para ajudar na integração de mulheres trans no projeto, ressaltando sua vivência como
mulher trans e a relevância desse suporte para promover um ambiente acolhedor e representativo. Além disso, contou como foi significativo estar participando da oficina, brincando de boneca com outras pessoas trans, acessando sua criança interior, se descobrindo enquanto brincava. Ressalta ainda, o medo que muitas pessoas trans sentem ao frequentar lugares onde não se sentem pertencentes, especialmente em
comunidades como a Rocinha e o Vidigal, onde há uma grande concentração de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Essa preocupação destaca a necessidade de criar espaços mais acolhedores e inclusivos para todos.
A monitora do projeto, Danieli, compartilhou sua experiência nas oficinas e como as mulheres participantes se transformaram ao longo do processo. Destacou o desenvolvimento e a liberdade que conquistaram durante o projeto. E ainda enfatizou a importância de promover a inclusão de todas as pessoas envolvidas, independentemente de raça ou gênero, garantindo que todos se sintam acolhidos e valorizados.
Foi ainda discutido durante a roda de conversa, a importância do brincar e como é possível contar histórias de vida através das bonecas. Enfatizando a conexão entre o brincar e o fazer artesanal, que exercem um papel terapêutico ao proporcionar momentos de pausa e concentração. Laura apresentou uma pesquisa que apoia essa percepção, destacando a necessidade de mulheres expressarem sua vulnerabilidade. Explicou como o artesanato, especialmente por meio de projetos como o das Bonequeiras, oferecem oportunidades significativas para que essas questões sejam trabalhadas.
O evento também destacou as oportunidades de geração de renda e o impacto positivo na vida das participantes.