Neste mês da abolição, nossa seleção na “Midiateca Indica” traz obras que celebram a resistência e a riqueza cultural dos africanos e seus descendentes no Brasil. Com respeito e afeto, convidamos você a conhecer histórias poderosas e inspiradoras nas publicações de nossa midiateca.
Você pode consultá-las de terça a quinta, das 10h às 17h.
Praça Tiradentes, 69 – Centro, Rio de Janeiro – RJ, Brasil.
Porto de Memórias: Pequena África
A região da Pequena África no Centro do Rio de Janeiro é extremamente carregada de significado sociocultural nos processos históricos do país. Essa área foi revitalizada no século XXI, a partir das descobertas arqueológicas encontradas próximo à zona portuária carioca, local de desembarque de pelo menos um milhão de africanos escravizados na era colonial.
O percurso do livro segue os principais acontecimentos que marcaram esse território, como a chegada da corte portuguesa ao Rio, a construção do Cais do Valongo e a Proclamação da República. A cultura carioca herdou uma influência significativa das danças, ritmos, rituais e hábitos dos africanos. O livro propõe estudar o contexto desse intercâmbio cultural com o objetivo de valorizar a identidade afro-brasileira, destacar a intercessão entre Brasil e África e preservar a memória da Pequena África.
O Rio de Janeiro de Debret
As gravuras de Jean-Baptiste Debret retratam o cotidiano do Rio de Janeiro no século XIX com a sensibilidade de uma poesia, a precisão de uma foto e a emoção de uma canção. O artista, convidado pela Família Real Portuguesa no século XIX para retratar o cotidiano da capital brasileira, descreveu a parte física da cidade com seus quadros e capturou os processos sociais urbanos da experiência da população carioca.
O livro, além de contar com as obras de Debret de 1816-1831, período da Missão Artística Francesa, também traz trechos do título “Viagem pitoresca e histórica ao Brasil”, em que o pintor traz suas impressões sobre a cidade. Sobrepondo registros visuais e textuais, o título traz uma abordagem inovadora e autêntica do Rio de Janeiro colonial através dos olhos de um dos maiores artistas naturalistas da história, mergulhando na realidade brasileira.
Conversa Quilombola: Artesanato e Tradição do Quilombo de Campo Grande – Santa Teresinha
Mantendo acesa a chama da arte popular, o povo da comunidade quilombola de Campo Grande resiste à vulnerabilidade social a partir da tradição centenária das gerações passadas. Além do artesanato como ferramenta de reparação social, outras expressões são mantidas por séculos, como algumas rezas, a Procissão e o Terno de Reis. A arte em palha de oricuri é a especialidade e uma das maiores fontes de renda da comunidade, mas o povo dessa região trabalha com sustentabilidade, apicultura, criação de cisternas e outras atividades produtivas.
A obra apresenta uma sociedade pequena, humilde, cuja história teve origem em meados de 1860, que resiste às mudanças no sistema produtivo e a miséria a partir de uma divisão de tarefas coordenada entre membros antigos e novos de sua população. Através da agricultura, da arte manual e de certos benefícios sociais, esse povo insiste na cultura e no seu estilo de vida, mesmo diante da extrema dificuldade. O livro dá voz a essas pessoas, que carregam seus saberes e manifestações no dia a dia.
Texto por Lucas Lofrano, supervisão de Mayara Fonseca.