Em turnê pelo país, a cantora Elba Ramalho brilhou em seu primeiro show, em São João de Caruaru, Pernambuco, no início do mês, usando o vestido “Graça,” do estilista alagoano Ítallo Ehlers. Inspirado no Divino Espírito Santo e na Rosa Bom Gosto, o tecido do vestido foi tramado em ponto filé pelas bordadeiras do Pontal da Barra, em Maceió (AL), do Instituto Inbordal, premiado com o TOP 100 do Sebrae.

Fonte da imagem: @brazafogo / instagram.

Conhecida por sua delicadeza e complexidade, a renda filé é um verdadeiro tesouro de nossa cultura popular. A Região das Lagoas Mundaú e Manguaba, em Alagoas, é considerada, desde 2016, Indicação Geográfica (IG) deste tipo de renda, pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A região é formada por seis municípios: Maceió, Marechal Deodoro, Santa Luzia do Norte, Coqueiro Seco, Pilar e Satuba. O bordado filé já é considerado Patrimônio Imaterial de Alagoas desde 2014.

Elba é conhecida por apoiar e promover a cultura e as tradições brasileiras, em especial o artesanato. Conversamos com Ítallo Ehlers, que há 12 anos trabalha com a cantora e faz seus figurinos de shows. Desde o ano passado, ele vem trabalhando com renda filé, depois de se apaixonar pelo projeto Renda-se. Sua maior inspiração são as formas geométricas da Rosa Bom Gosto. Ítallo criou dois looks para as apresentações de Elba. Até as botas da cantora foram feitas com renda filé. “Venho através das minhas criações dar à renda filé um olhar mais elegante e sofisticado.”, explicou Ítallo.

Fonte da imagem: @brazafogo / instagram.

Projeto Renda-se beneficia 200 artesãs

O projeto Renda-se está consolidado como o maior e mais importante projeto de moda em Alagoas. Criado com o objetivo de divulgar os talentos alagoanos no segmento da moda, tem lugar especial para o trabalho artesanal, beneficiando mais de 200 mulheres artesãs que trabalham com bordado filé.

O nome filé vem do francês “filet”, que quer dizer rede. É um bordado sobre uma rede de fios, criado com temas florais em cima de uma trama que lembra a rede de pesca dos maridos das artesãs que vivem à beira das Lagoas Manguaba e Mundaú, no litoral alagoano. É lá que as mulheres tecem a própria sobrevivência com fios coloridos e muita paciência. Depois de confeccionar as redes, elas as esticam em um tear de madeira para que se inicie o bordado com diferentes sequências de pontos e cores, que possibilitam variações diversas.

“Nada é mais humano, gentil e transformador do que se apropriar dos nossos saberes para ressignificar olhares,” diz Alina Amaral, designer, bordadeira, jornalista e produtora executiva do Renda-se Alagoas.

Renda da região recebeu o 5º Prêmio Sebrae Top 100

É importante também destacar o trabalho do Instituto Bordado Filé da Região das Lagoas Mundaú-Manguaba (Inbordal), uma unidade produtiva que tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento e na preservação do bordado filé. Em 2022, esse compromisso foi reconhecido quando duas de suas artesãs, Beatriz dos Santos e Maria Cícera Moura, foram premiadas no 5º Prêmio Sebrae TOP 100, que reconhece as 100 melhores unidades produtivas de artesanato do Brasil. Essas mulheres personificam a habilidade e a dedicação necessárias para manter viva a tradição do Bordado Filé, entrelaçando essa arte com a história pessoal e comunitária.

Elba Ramalho participou da inauguração da mostra Paraíba: um estado de Artesanato, no Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), em 15 de dezembro de 2022. A cantora fez um show acústico, interpretando alguns de seus maiores sucessos, como “De Volta para o Aconchego,” “Banho de Cheiro” e “Saudade Docê.” O CRAB também foi palco de um desfile de moda com roupas rendadas do estilista Ronaldo Fraga. Toda a fachada do prédio foi iluminada com vídeos de paisagens da Paraíba e peças de artesanato regional.

Fonte da imagem: Equipe CRAB.