Morreu nesta terça-feira (21/5), aos 104 anos, Ricardina Pereira da Silva, popularmente conhecida como “Dona Cadu”, a mais antiga ceramista em atividade no Brasil. Moradora de Maragogipe, no recôncavo da Bahia, ela fazia panelas, pratos e outros utensílios artesanais com barro, no distrito de Coqueiros. Além de ser uma ceramista conhecida no mundo, Dona Cadu foi uma líder comunitária, guardiã de saberes ancestrais, memória viva de confluências afro-indígenas e sambadeira.

“Ela trabalhou até esta semana, nunca parou de fazer cerâmica. Sua vida era cerâmica e samba”, diz Edvalda Lima, neta de Dona Cadu. A ceramista baiana nasceu em 14 de abril de 1920, na cidade de São Félix, que também fica no recôncavo baiano. A causa da morte não foi revelada.

Dona Cadu – Foto de Márcio Santos

Dona Cadu foi agraciada com o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e, em 2021, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Esses títulos são conferidos a personalidades eminentes, nacionais ou estrangeiras, que se destacaram pelo saber e/ou pela atuação em prol das ciências, artes, filosofia, letras, culturas, e pelo desenvolvimento e entendimento dos povos, cuja contribuição tenha sido de alta relevância para o país ou para a humanidade.

Em nota, a UFRB manifestou profundo pesar pelo falecimento da mestra da cultura popular. “A sua trajetória é definida por um reconhecimento de singularidade por suas atividades de ceramista, de sambadeira e de rezadeira, sendo uma grande referência da cultura do recôncavo da Bahia de ancestralidade africana e indígena”, disse no documento.

Dona Cadu foi agraciada com o título de Doutora Honoris Causa pela UFRB e UFBA. — Foto: Divulgação/UFRB

A morte de Dona Cadu também foi lamentada pela Secretaria de Cultura da Bahia (Secult-BA), que lembrou que a ceramista participou da abertura do seminário “O Museu que Udo Knoff pensou: 30 anos do museu de azulejaria e cerâmica da Bahia”, na quarta-feira (15), no Museu de Arte da Bahia (MAB), onde foi homenageada. No início de 2024, Dona Cadu ganhou o prêmio Preservar: Culturas, Identidades e Saberes Ancestrais.

Fonte: site G1 e núcleo de Pesquisa do CRAB (Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro)