As ações educativas promovidas por Museus e Centro Culturais possuem grande potencial de transformação, sendo interessantes instrumentos de aprendizado e de aproximação e relação com a comunidade. Através delas temos a oportunidade de nos reconhecer como sujeitos da história e despertarmos a consciência crítica diante dos cenários que nos são dispostos no cotidiano.
E, embora o CRAB não seja classificado como um museu, entendemos bem como é ser um espaço que almeja a ampliação do diálogo com público rompendo com estereótipos de vitrine de memórias e legendas, sendo hoje um forte agente de conhecimento e de difusão da memória do artesanato brasileiro no Centro do Rio Janeiro.
Recriando realidades locais a partir de esforços curatoriais, o CRAB debruça esforços diários para apresentar ao público exposições e conteúdos de grande valor conceitual e linguagem acessível, visando a desmistificação do artesanato e atraindo o público para a reflexão de sua importância na construção de nossas manifestações culturais.
Realizamos desde 2017 atividades educativas para público em idade escolar. Através do Programa CRAB Educativo propomos novas abordagens metodológicas e pedagógicas para apresentar ao público entre 03 e 16 anos o artesanato brasileiro presente nas Mostras e Exposições.
O projeto pedagógico do CRAB Educativo é pautado na tríade sujeitos/territórios/objetos buscando a aproximação do público em idade escolar com o cenário que inspira o trabalho dos artesãos e em suas histórias de vida, trabalhando o artesanato brasileiro como parte significativa das expressões criativas e culturais do Brasil.
Sendo assim, temas como clima, vegetação, relevo, literatura e, principalmente, história do Brasil, são explorados durante a visitação e oficina colaborando no aprendizado extraclasse, oportunizando os alunos a realizarem uma verdadeira viagem pelo país e reforçando também o compromisso do CRAB com o artesanato.
Quando trabalhamos o artesanato durante a mediação, estamos falando especificamente de apresentar ao público sujeitos que dão vida e forma a este segmento, entendendo que antes do objeto existe o sujeito com histórias de vidas que motivam e influenciam diretamente na produção de sua arte.
Em poucos passos a mediação cultural do educativo promove encontros em que o público é apresentado ao artesão sem sair do Rio de Janeiro conhecendo novos lugares como, Sertão do Cariri, o Cerrado e o Pantanal, brejo paraibano, Alto Xingu, etc... Conduzindo os participantes a um cenário de uma narrativa real, com cheiros, texturas, materiais, memórias, objetos e indivíduos que instigam o participante a conhecer e reconhecer a nossa brasilidade. .
A partir desta perspectiva passamos a valorizar o ofício artesão. Aquele sujeito do seu tempo que com suas mãos transforma a matéria em arte, traduzindo as narrativas de uma região que fazem parte de um grande quebra cabeça que compõe a nossa história.
Descontruindo a premissa de menos valia do conceito do “fazer com as mãos”, reforçamos a autenticidade do artesão usando frequentemente em nosso roteiro os verbos criar, sonhar e imaginar, provocando o participante a se tornar um “pequeno mestre artesão”.
O desafio é criar artesanalmente algum elemento chave que destacamos durante a visitação da mostra ou exposição, oportunizamos os participantes a serem protagonistas do processo de aprendizado. É interessante observar o sentimento de orgulho que os participantes deixam transparecer quando criam algo que o aproxima das histórias contadas durante a mediação.
Quando recebemos orgulhosos comentários posteriores a atividade educativa, temos a certeza de que através da experiência estimulamos diretamente a formação de novos multiplicadores que levam a sua arte e memória construída para fora da sala de aula e do CRAB.
As ações educativas realizadas nos mostram o quanto podemos colaborar na democratização dos conhecimentos e acesso a espaços culturais, oportunizando o compartilhamento saberes entre instituições e público.
É brincando com a imaginação que exercemos a cultura através atividades educativas que contribuímos para a preservação da memória da nossa arte popular, estimulando as novas gerações a estender o conceito de cultura para além dos livros didáticos, trazendo luz ao ofício e indivíduos que são reflexo de expressão da cultura e da criatividade brasileira.
Texto de Bruna Pelegrino.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, JEZULINO LÚCIO MENDES. DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA EDUCAÇÃO MUSEAL. In: Revista do Programa de Pós-Graduação da Ciência da Informação da Universidade de Brasília. 2017.
Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro. Rio de Janeiro, 2016.
FILHO, LARA DURVAL. Museu, objeto e informação. IN: Revista Informação, Campinas, 2009.
RAMOS, Francisco Régis Lopes. A danação do objeto: o museu no ensino de História. Chapecó: Argos, 2004.