Origem e identidade.

No Brasil, existem mais de 25 mil pessoas que vivem na Terra Indígena Yanomami. Nesse território, os cestos de fibras naturais sempre foram trançados para o uso cotidiano das aldeias, seja na colheita, na pesca ou no armazenamento dos alimentos. Hoje, além do uso local, os artesãos seguem desenvolvendo esses objetos também para a comercialização, preservando a cultura ancestral e o fortalecendo sua identidade. Todas as peças são únicas e 100% artesanais, desde a colheita de cipó até o trançado. 

“Os artesãos responsáveis por essas criações fazem parte da Hutukara Associação Yanomami, fundada em 2004 na aldeia Watorikɨ. A associação com sede em Boa Vista (RR) hoje também existe para viabilizar a comercialização do artesanato e outros produtos da floresta que são alternativas de renda aos yanomami. Hoje a Associação conta com o apoio do Instituto Socioambiental (ISA) para a divulgação e comercialização dos produtos. 

Técnicas passadas por gerações.

As peças produzidas pelo povo Yanomami são criadas com técnicas tradicionais passadas de geração em geração nas comunidades indígenas da Floresta Amazônica. 

Os destaques são os cestos Wɨɨa e Xotehe, ambos confeccionados pelas mulheres Yanomami. São feitos de cipó titica com detalhes de fios de fungo negro ou pinturas de tintas naturais como o urucum. Os Yanomami, segundo se tem registro, são os únicos no mundo a utilizarem esse fio de origem fúngica para a confecção de artesanato. 

Cada objeto produzido pelo povo Yanomami guarda uma história. O formato da cestaria e suas linhas circulares se conectam com a vida cotidiana dos Yanomami. É de forma concêntrica que eles interagem com a floresta, dispondo suas casas (xapono) no centro, e ampliando o raio para as roças e área de caça. Esse mesmo desenho se repete no corte de seus cabelos e nos grafismos. 

“Cada vez mais consigo tirar o sustento da minha família vendendo [artesanato]. Melhorou há uns anos porque agora existe interesse de colecionadores. Mas para ser sincera, é mais gente de fora do que daqui, porque o roraimense conhece pouco”, disse a artesã da etnia macuxi Teresa Marinho trabalha há quinze anos produzindo cestos feitos com fibras de buriti e de jacitara, palmeiras encontradas na região do lavrado.   

Desde 2015, o artesanato indígena de Roraima conta com certificado de origem, que atesta procedência do produto e do fabricante 

A venda.

Algumas peças podem chegar a mais de R$ 300 e os artesãos recebem todo o valor do que é vendido. É feita ainda distribuição de kits de ferramentas nas comunidades para fabricação de panelas de barro, cestaria e biojoias. São utensílios para elaboração de artesanato, como alicate, foice e facão para extração vegetal, além de carrinho de mão e picareta para tirar a argila no caso da fabricação de panelas de barro. “São distribuídos durante oficinas como incentivo. Chamamos os artesãos que sabem fazer esses trabalhos para incentivar os mais jovens e passar para os seus descendentes os saberes e cultura indígena”, informou a diretora do Departamento de Artesanato Indígena da Secretaria Estadual do Índio (SEI), Franciêmina de Sousa. 

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