Midiateca Indica – abril 2025 – Celebração dos Povos Indígenas
Em abril, a Midiateca celebra a força, a cultura e os saberes dos povos indígenas, os primeiros artesãos que se tem registro do Brasil. Embora o dia 19 de abril seja oficialmente dedicado a essas comunidades, sua importância deve ser reconhecida e celebrada todos os dias. A riqueza das línguas, tradições, arte e histórias indígenas faz parte da identidade do Brasil e precisa ser valorizada e preservada. Neste mês, destacamos obras que trazem reflexões sobre esses povos, suas lutas, resistências e contribuições para a cultura brasileira. São livros que ampliam o olhar e fortalecem o reconhecimento da diversidade e da ancestralidade indígena em nossa sociedade.

“Grafismo Indígena” – Autora: Lux Vidal – Editoras: Studio Nobel, FAPESP, EDUSP.
O livro “O Grafismo Indígena” reúne 13 artigos que exploram a riqueza e diversidade das expressões gráficas dos povos indígenas no Brasil. Com a colaboração de antropólogos e especialistas, a obra apresenta uma análise detalhada das manifestações artísticas aplicadas em diferentes suportes, como pedra, cerâmica, entrecasca, papel e, principalmente, o corpo humano. Mais do que meras ilustrações, os grafismos indígenas carregam significados sociais, simbólicos e estéticos, refletindo a concepção de pessoa, a categorização social e a relação dos povos indígenas com o mundo. Os artigos abordam tanto aspectos formais e estilísticos quanto questões ligadas à resistência étnica, impacto do contato com a sociedade nacional e comercialização do artesanato.
A coletânea destaca a importância dessas expressões artísticas para a identidade cultural indígena, bem como sua relevância para discussões contemporâneas sobre preservação ambiental, direitos humanos e respeito à diversidade. Além disso, traz um valioso acervo iconográfico e registros fotográficos, proporcionando uma visão abrangente da estética tribal. Com representações de povos como Ticuna, Desâna, Wayana, Kayapó, Xavante e Kadiweu, o livro evidencia a continuidade e adaptação dos grafismos indígenas ao longo do tempo, reforçando seu papel como meio de comunicação e resistência cultural.

“Povos Indígenas no Brasil 2017/2022” – Autores: Fany Pantaleoni Ricardo, Tatiane Klein, Tiago Moreira dos Santos – Editora: Instituto Socioambiental.
O livro Povos Indígenas no Brasil 2017-2022 apresenta um panorama abrangente sobre a situação de 266 povos indígenas brasileiros, que falam cerca de 160 línguas. Esta edição, uma das mais desafiadoras da série iniciada em 1980, aborda um período marcado por retrocessos na política indigenista, destacando ataques aos direitos territoriais, a vulnerabilidade durante a pandemia de covid-19 e a resistência desses povos diante das adversidades. A obra traz análises sobre demarcação de terras, legislação, política indigenista e projetos de desenvolvimento, além de um caderno especial com imagens que retratam a luta e a cultura indígena.
As mulheres indígenas têm um papel central nesta edição, simbolizado pela liderança Watatakalu Yawalapiti, que estampa a capa do livro. O protagonismo feminino se reflete no fortalecimento de suas mobilizações e na criação da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade. A obra também destaca iniciativas de resistência em diversas regiões, como a luta dos Guarani Kaiowá e dos Tupinambá por seus territórios, além da emergência da Arte Indígena Contemporânea como um movimento estético e político. Com a eleição de 2023, surgem novas esperanças, como a criação do Ministério dos Povos Indígenas, liderado por Sonia Guajajara, e a nomeação de Joênia Wapichana como a primeira indígena a presidir a Funai, marcando um novo capítulo na defesa dos direitos indígenas no Brasil.

“Contos Indígenas Brasileiros” – Autor: Daniel Munduruku – Editora: Global Editora.
O livro Contos Indígenas Brasileiros, de Daniel Munduruku, celebra a riqueza dos mitos e tradições dos povos indígenas do Brasil. Para essas sociedades, a Palavra tem um poder sagrado: ela cria, encanta e dá sentido ao mundo, sendo o fio condutor das narrativas ancestrais transmitidas de geração em geração. A obra reúne contos narrados por anciãos das etnias, repletos de seres mágicos, encantados e espíritos que habitam a memória e a cultura indígena. Por meio dessas histórias, os leitores são convidados a mergulhar na visão de mundo desses povos, compreendendo sua relação com a natureza, suas crenças e seus ensinamentos.
A seleção dos contos segue um critério linguístico, abrangendo narrativas de diferentes troncos linguísticos, como os povos Munduruku (Tupi) e Kaingang (Macro-Jê). Entre os mitos apresentados, estão histórias sobre o roubo do fogo, a origem do fumo e os acontecimentos após o dilúvio. Esses relatos oferecem um panorama da diversidade cultural e linguística indígena no Brasil, onde mais de 250 povos falam cerca de 180 línguas e dialetos. Além de preservar e valorizar essa herança ancestral, o livro é um convite para que crianças e adultos conheçam e se encantem com a sabedoria indígena.
Texto: Thuanny Dourado
Supervisão: Mayara Fonseca
Revisão: Graciela Urquiza Mendes