No mês de abril a nossa arte popular se despediu de dois grandes mestres artesãos.  Mestre Noemisa, figura delicada e reverenciada no Vale do Jequitinhonha (MG), e Raimundo Caetano Rodrigues, popularmente conhecido como mestre Racar no Sertão do Cariri (CE).

Eles eram dois representantes da nossa diversidade cultural e da potência dos saberes locais e regionais do Brasil, unidos pelo talento em traduzir as narrativas cotidianas de seus respectivos territórios com a primazia de suas mãos.

Noemisa Batista dos Santos, nasceu em Ribeirão da Capivara, no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais em 1947. A sua obra retrata no barro um cotidiano alegre repleto de figuras humanas, animais e festividades. São cenas que encantam pelos detalhes na modelagem e na pintura com pigmentos naturais, com uma graciosidade e leveza que impressionam o olhar.

Em 2020 o CRAB teve a honra de receber parte do legado da mestre Noemisa na exposição “Que Mestre É Esse?

 

Mestre Noemisa. Fonte: ufmg 

 

Peças da mestre Noemisa na Exposição “Que Mestre É Esse?” em 2020 no CRAB.

 

Mestre Racar encontrou seu talento como artesão já adulto e não demorou até que fosse reconhecido pela habilidade em esculpir na madeira. Suas obras são marcantes pela forte presença dos elementos do folclore do Sertão do Cariri, como lendas populares, religiosidade e o cenário urbano de seu cotidiano.

Em 2023, levou através de sua arte o Brasil a um dos museus mais conceituados do mundo. No Louvre, em Paris (França), ele e mais quatro artesãos do Cariri encantaram os visitantes pela singularidade do imaginário popular brasileiro.

 

Mestre Racar no Museu do Louvre, em 2023.  Fonte: Instagram/maobrasileira/

 

Mestre Racar no Museu do Louvre, em 2023. Fonte: Instagram/maobrasileira/

 

Nos despedimos de dois grandes brasileiros, mestres em criar e sonhar com as mãos, e verdadeiros representantes de nossa cultura.

Que o inevitável adeus seja reconfortado pela continuidade de suas artes, genialidade e legados.