Venha conhecer as atrações que passaram pelo CRAB e que representam a diversidade dos festejos de São João no Brasil  

Nos dias 27 e 26 de julho foi realizada, na Praça Tiradentes, a primeira festa julina do CRAB, a Tiradentes Julina. Contamos com diversas atrações e artesãos vindos da Paraíba, Maranhão e Rio de Janeiro, para compor uma festa diversa e bem brasileira. As apresentações foram um sucesso entre os presentes, mas nem todos conheciam as práticas tão tradicionais do nosso país. Vamos então apresentar um pouco de cada uma, para que você conheça mais sobre nossas tradições.  

Maranhão e seu encanto artesanal com o divino 

Começando pelo Maranhão, um estado muito rico de cultura e artesanato. O Bumba-meu-boi é a tradição mais conhecida, que movimenta, no mês de junho, mais de 400 grupos por todo o estado. Os grupos se organizam por cinco tipos de sotaques: Zabumba ou Guimarães, Baixada, Matraca ou Ilha, Costa de Mão ou Cururupu e Orquestra, que são classificados por ritmos dos toques, instrumentos, personagem e indumentárias. Recebemos no CRAB o grupo de Morros, apresentando o sotaque de orquestra. Foi uma apresentação animada, onde o público pôde ver de perto os belíssimos trajes feitos à mão, como coletes, calças e chapéus e o boi. O seu couro, que é a “pele” que reveste a estrutura do corpo do animal, pode chegar a custar 15 mil reais e demora quase um ano para ser feito por artesãos qualificados.  

Grupo de Morros. (Foto: CRAB, 2024)

Também pelo Maranhão se apresentou o grupo Laborarte, mostrando um pouco do tambor de crioula e do cacuriá, duas manifestações típicas do estado. O bumba-meu-boi e o tambor têm uma relação simbiótica, um não vive sem o outro, é fundamental no encerramento das apresentações do boi o toque do tambor de crioula. De matriz afro-brasileira, o tambor de crioula é caracterizado por danças circulares, cantos e sons de tambores. Estes são feitos artesanalmente a partir de peles de carneiros e um único tronco cavado por mestres artesãos. Para afinar o tambor é necessário aquecer o couro em fogueira, ou serpentina elétrica, adaptação criada pelo grupo para poderem viajar e se apresentar em outras regiões. Os músicos então vão tocando o tambor durante o aquecimento para identificar quando o toque está no tom certo, uma experiência que só quem tem anos de prática consegue realizar.  

Grupo Laborarte. (Foto: CRAB, 2024)

A terceira manifestação maranhense a se apresentar na festa julina do CRAB foi a dança do Cacuriá, também trazido pelo grupo Laborarte. Em 1980, Dona Teté se juntou ao grupo e, apesar de não ter sido invenção sua, foi a partir de sua figura que o cacuriá se estabeleceu como importante manifestação. O cacuriá combina precursão, com dança sensual baseada no carimbó e teatralização. Por causa do grande sucesso de Dona Teté, hoje é parte da agenda das festas juninas do Maranhão.   

Dança do cacuriá. (Foto: CRAB, 2024)

Paraíba e os sons regionais do São João 

Seguindo para Paraíba, tivemos a oportunidade de ver a Orquestra Sanfônica Balaio Nordeste e Grupo Eita com coco e o xaxado. Com mais de 10 acordeons, o Orquestra se apresentou mostrando ritmos de sucesso nordestino. Criada em 2011 pelo mestre Bastos, ela tem o objetivo de inovar no cenário musical e formar jovens na cultura nordestina.   

Orquestra Sanfônica. (Foto: CRAB, 2024)

Já o Grupo Eita apresentou a regionalidade paraibana com música e muita dança. O xaxado foi uma dança que se espalhou pelo agreste do Nordeste no início do século passado, divulgado pelos cangaceiros, principalmente do grupo de Lampião. Por ser uma dança masculina, os cabras cangaceiros dançavam com suas armas de fuzil batendo no chão. Atualmente mulheres também dançam e apresentam passos ritmados em roda ou fila, arrastando as sandálias de couro no chão, fazendo o som de xa-xa-xá.  

Xaxado. (Foto: CRAB, 2024)

O Rio de Janeiro apresenta o colorido das quadrilhas juninas 

Por fim, tivemos duas quadrilhas tradicionais do Rio de Janeiro, Quadrilha Sampaio e a Quadrilha Roçalão. O primeiro grupo é o mais tradicional em atividade no Brasil e ganhou todos os concursos que concorreu no Rio de Janeiro desde 1970. No CRAB, apresentaram um pot-pourri de danças contando um pouco da sua história através de movimentos coordenados e entusiasmados.  

quadrilha sampaio. (Foto: CRAB, 2024) 

Já o Roçalão trouxe seu time infanto-juvenil, mostrando que as novas gerações estão conectadas com as práticas tradicionais. Crianças e adolescentes mostraram toda a sua arte bem apresentada em passos complexos e animados.

Quadrilha Roçalão. (Foto: CRAB, 2024)

O CRAB se orgulha de poder trazer um pouco da cultura junina brasileira e mostrar a riqueza das diversas manifestações que dão identidade ao nosso país.

Fontes:

http://portal.iphan.gov.br/Tambor-de-Crioula

http://portal.iphan.gov.br/Bumba-meu-boi-Final

http://projetos.eeffto.ufmg.br/sarandeiros